O governo de Minas Gerais decretou, nesta terça-feira (27), situação de emergência sanitária animal em todo o estado após confirmação do primeiro caso da doença, identificado em um cisne negro (Cygnus atratus) em Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Trata-se de uma ave silvestre, fora de uma granja comercial, como no caso do Rio Grande do Sul. Mesmo assim, a medida, publicada em edição extra do Diário Oficial, visa intensificar ações de monitoramento e controle da doença. O decreto tem validade de 90 dias.
11 focos de gripe aviária estão sendo investigados
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), atualmente há 11 investigações de suspeitas de gripe aviária em andamento no país. Dessas, cinco envolvem aves de subsistência em municípios como Aurelino Leal (BA), Salitre (CE), Quixadá (CE), Eldorado do Carajás (PA) e Triunfo (RS).
Outras cinco são relacionadas a aves silvestres em locais como Armação dos Búzios (RJ), Ilhéus (BA), Icapuí (CE) e Mateus Leme (MG). Há também uma investigação em um abatedouro de aves em Aguiarnópolis (TO).
Suspeitas em Belo Horizonte (MG) e Ipumirim (SC) foram descartas após testes laboratoriais negativos para a doença.
Até o momento, o único caso confirmado em produção comercial no Brasil ocorreu em uma granja em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Após medidas de erradicação e controle, o governo notificou à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) a conclusão das ações na região, sem identificação de novos casos.
O que é gripe aviária? Pode ser transmitida para humanos?
A gripe aviária é causada pelo vírus H5N1, um subtipo do vírus influenza A. Conhecida por sua alta capacidade de provocar surtos letais em aves, a IAAP já circula globalmente desde 2006, com maior incidência na Ásia, África e norte da Europa.
De acordo com o infectologista Marcelo Neubauer, apesar de ser parecido com o vírus da gripe, ele é pouco comum entre os seres humanos.
"Não existe um risco de uma epidemia grande ou uma pandemia", pontua.
Desde o início de sua circulação global, foram notificadas à OMS mais de 950 infecções humanas causadas pelo vírus H5N1 no mundo, sendo que cerca de metade dos casos resultou em mortes.
O Mapa também destacou que o risco de infecção em humanos é considerado baixo. Casos de contaminação geralmente envolvem profissionais com contato direto e prolongado com aves infectadas, como tratadores e trabalhadores de granjas.
"Em sua maioria, [a infecção humana] ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)", informa a pasta. O Mapa também garantiu que não há necessidade de restrições alimentares. “A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados.”
Quais medidas estão sendo tomadas?
Logo que foi confirmado o foco em Montenegro, o governo brasileiro informou ter acionado o plano nacional de contingência para conter e erradicar a doença. As medidas incluem:
Isolamento da granja afetada;
Monitoramento e fiscalização de granjas próximas;
Comunicação oficial à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), ministérios da Saúde e Meio Ambiente, além dos parceiros comerciais do Brasil. O ministério informou ainda que o Serviço Veterinário Nacional está capacitado para lidar com surtos da doença, com treinamentos e estrutura reforçados desde os anos 2000.
Como se prevenir? Para a população em geral, os principais cuidados incluem:
Evitar contato com aves silvestres ou doentes, especialmente em regiões com focos confirmados;
Não manipular aves mortas ou com sintomas sem proteção adequada;
Lavar bem as mãos após contato com animais ou ambientes rurais;
Consumir apenas produtos de origem animal inspecionados e certificados.
Profissionais do setor avícola devem seguir os protocolos de biossegurança, como uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e desinfecção de instalações.