As regiões Norte e Nordeste enfrentam o maior déficit de professores com formação adequada no Brasil e têm os piores desempenhos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2023, segundo levantamento da Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados.

Em 2023, 36,1% dos professores do Nordeste e 33,7% do Norte não tinham formação adequada para ministrar aulas no Ensino Médio – a média nacional é de31,8%. Nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), o problema é ainda mais grave: 52,7% dos professores no Nordeste e 52,3% dos docentes no Norte não têm formação adequada – no país, a média é de 39,6%.

Essa carência de docentes qualificados reflete diretamente no desempenho dos estudantes. Norte e Nordeste registraram as menores médias do Enem em 2023: 513,17 e 529,36 pontos, respectivamente, abaixo da média nacional (543,16). Desde 2014, as duas regiões ocupam as últimas posições no exame.

Sociologia foi a disciplina com maior déficit de professores qualificados (63,1%), seguida por língua estrangeira (55,7%), filosofia (48,8%) e física (44,2%). As áreas do Enem que abrangem essas matérias — Ciências Humanas, Linguagens e Ciências da Natureza — tiveram as piores notas nas regiões Norte e Nordeste.

O problema é mais crítico na rede pública: 32,3% dos professores do Ensino Médio não tinham formação adequada, contra 29,4% na rede privada. Nos anos finais do Fundamental, a diferença é ainda maior (40,8% na pública x 34,1% na privada).

O estudo analisou dados de 2013 a 2023 e destacou que, embora o déficit nacional tenha caído (de 40,5% para 31,8% no Ensino Médio), as desigualdades regionais persistem. "As piores notas do Enem estão nas regiões com maior carência de professores qualificados. Um ensino aprofundado exige docentes com formação específica", analisa Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.

A Nexus utilizou dados do Censo Escolar e do painel do Enem, disponibilizados pelo Inep, considerando critérios como licenciatura na disciplina lecionada, bacharelado sem licenciatura e ausência de formação superior.