O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, criou um segundo grupo de mensagens no aplicativo Signal, que incluía sua esposa e seu irmão, onde também compartilhou detalhes sobre o ataque militar realizado em março contra militantes Houthis no Iêmen. As mesmas informações que já haviam circulado em outro grupo com líderes da administração Trump, segundo o jornal The New York Times.
Uma fonte familiarizada com o conteúdo e os participantes do grupo confirmou a existência dessa segunda conversa à Associated Press, sob condição de anonimato, por se tratar de tema sensível.
Esse segundo grupo no Signal – um aplicativo de uso comercial não autorizado para comunicação de informações sensíveis ou sigilosas de defesa nacional – contava com 13 pessoas, de acordo com a fonte. O grupo foi batizado de “Defense Team Huddle” (Reunião da Equipe de Defesa).
Segundo o New York Times, estavam incluídos no grupo Jennifer Hegseth, ex-produtora da Fox News e esposa do secretário, e Phil Hegseth, irmão de Pete, que foi contratado como assessor sênior e ligação com o Departamento de Segurança Interna no Pentágono. Ambos já acompanharam o secretário em viagens e reuniões de alto nível.
A Casa Branca e o Pentágono reagiram na noite de domingo (20), acusando ex-funcionários insatisfeitos de estarem espalhando informações falsas.
"Não importa quantas vezes a velha mídia tente ressuscitar a mesma não-história — o fato é que nenhuma informação classificada foi compartilhada", afirmou Anna Kelly, vice-secretária de imprensa da Casa Branca. "Ex-funcionários demitidos estão distorcendo os fatos para aliviar seus egos feridos e tentar minar a agenda do Presidente. A administração vai responsabilizá-los."
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, também comentou no X (ex-Twitter), dizendo que o relatório "se baseia apenas nas palavras de pessoas demitidas esta semana e que têm motivação para sabotar o secretário e a agenda do presidente [Donald Trump]. Não houve informação classificada em nenhuma conversa no Signal, por mais que tentem dizer o contrário."
A revelação do segundo grupo reacendeu os pedidos para que Hegseth seja demitido, num momento em que a administração Trump enfrenta críticas por não ter tomado medidas contra os principais oficiais de segurança nacional que discutiram planos de ataque militar por meio do Signal.
"Os detalhes continuam vindo à tona. Continuamos descobrindo como Pete Hegseth colocou vidas em risco. Mas Trump ainda é fraco demais para demiti-lo", publicou o líder democrata no Senado, Chuck Schumer. "Pete Hegseth precisa ser demitido."
O primeiro grupo no Signal, criado pelo conselheiro de segurança nacional Mike Waltz, incluía diversos membros do gabinete. Ele veio a público após Jeffrey Goldberg, editor-chefe da The Atlantic, ter sido adicionado por engano à conversa.
The Atlantic publicou o conteúdo do grupo, que revelava Hegseth listando sistemas de armamento e a linha do tempo para o ataque aos Houthis no mês passado.
No entanto, o New York Times informou que o segundo grupo também continha os mesmos horários de lançamento das aeronaves de guerra, o que, segundo múltiplos ex-funcionários e autoridades atuais, deveria ser classificado e poderia colocar a vida dos pilotos em risco.
O uso do Signal por Hegseth e o compartilhamento dessas informações estão sendo investigados pelo inspetor-geral interino do Departamento de Defesa, a pedido dos senadores Roger Wicker (republicano) e Jack Reed (democrata), da Comissão de Serviços Armados.
As novas revelações surgem em meio a mais turbulência no Pentágono. Quatro assessores próximos de Hegseth deixaram o cargo na última semana, enquanto prossegue uma ampla investigação sobre vazamentos de informação.