A Justiça do Peru condenou, nesta terça-feira (15), o ex-presidente Ollanta Humala e sua esposa, Nadine Heredia, a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro. A acusação envolve o uso de recursos da construtora brasileira Odebrecht para financiar as campanhas eleitorais de 2006 e 2011.
Os juízes do Tribunal Superior Nacional concluíram que o casal recebeu quase US$ 3 milhões em contribuições ilegais, provenientes tanto da Odebrecht quanto do governo do então presidente venezuelano Hugo Chávez, que governou entre 1999 e 2013. Humala foi eleito presidente em 2011, após vencer Keiko Fujimori no segundo turno.
Durante a leitura da sentença, o juiz Nayko Coronado ordenou a prisão imediata dos condenados. Ollanta Humala, único presente na sala do tribunal, foi escoltado por policiais após o veredicto.
Vestindo terno, gravata e óculos, o ex-militar de 62 anos foi visto escrevendo e usando o celular durante a sessão. Nadine Heredia, de 48 anos, não compareceu pessoalmente ao julgamento; segundo a defesa, ela acompanhou o processo online por motivos de saúde.
A decisão judicial determina que o casal permanecerá preso até 28 de julho de 2039.
Com essa sentença, Humala torna-se o terceiro ex-presidente do Peru a ser condenado por corrupção nos últimos 20 anos. Ele se junta a Alejandro Toledo, condenado em 2024 a 20 anos de prisão por crimes ligados à Odebrecht, e a Alberto Fujimori, que já recebeu diversas condenações por corrupção e violações de direitos humanos.
O julgamento de Humala e Heredia começou em 2022 e resultou também na condenação de outras oito pessoas. Entre 2017 e 2018, o casal chegou a cumprir prisão preventiva a pedido do Ministério Público, como forma de evitar fuga do país.
As investigações contra Humala foram iniciadas em 2015, após a confissão da Odebrecht, em 2016, de que pagava propinas de forma sistemática em diversos países da América Latina.
Desde 2001, a maioria dos presidentes peruanos enfrentou problemas judiciais relacionados à Odebrecht. Além de Toledo e Humala, Pedro Pablo Kuczynski cumpre prisão domiciliar, e Alan García cometeu suicídio em 2019, pouco antes de ser preso. Outras figuras políticas, como Keiko Fujimori e ex-governadores, também estão sob investigação.