O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), vetou o Projeto de Lei que pretendia incluir no calendário oficial da cidade o “Dia da Cegonha Reborn”, no dia 4 de setembro.
O veto foi anunciado nesta segunda-feira (2) nas redes sociais do prefeito com uma mensagem:
“Com todo respeito aos interessados, mas não dá”, escreveu Paes na legenda de uma imagem com o despacho oficial.
A proposta havia sido aprovada pela Câmara Municipal no último dia 7 de maio e gerou reações variadas tanto entre parlamentares quanto nas redes sociais. O projeto pretendia homenagear as chamadas “cegonhas”, artesãs que produzem artesanalmente os chamados bebês reborn: bonecas e bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos e têm uso que vai além do brinquedo.
O que dizia o projeto vetado
Segundo o autor do projeto, o vereador Vitor Hugo (MDB), a ideia era reconhecer o trabalho emocional e artístico envolvido na criação desses bonecos, especialmente pelo potencial terapêutico que muitos atribuem a eles.
“Nos casos de falecimento de um filho recém-nascido, o bebê reborn é utilizado por um curto período, sempre sob orientação profissional, auxiliando no processo de recomposição da mãe ou o pai enlutado”, justificava o vereador no texto do projeto.
Hugo defendia que o nascimento de um bebê é um momento singular na vida de uma mulher, e que o vínculo emocional de mães com bebês reborn deveria ser respeitado e reconhecido.
“Os reborns são bebês extremamente realistas, fabricados artesanalmente por ‘cegonhas’, ou seja, artesãs que se utilizam de técnicas para simular traços reais de vida nos reborns, geralmente tendo por base a descrição da idealização de um bebê recém-nascido ou a fotografia de um filho”, dizia a justificativa.
O que são são os bebês reborn?
A primeira boneca reborn conhecida foi criada em 1999 pela artista alemã Karola Wegerich, como uma forma de consolar um amigo que havia perdido um bebê. Desde então, o brinquedo, antes popular entre crianças, vem conquistando também um novo nicho de mulheres adultas — inclusive celebridades.
A influenciadora Sweet Carol, que tem mais de 3 milhões de seguidores, publicou em 2022 um vídeo onde simula um parto de bebê reborn. A cena voltou a viralizar recentemente. No registro, Carol mostra a boneca sendo retirada de uma bolsa semelhante à placenta em que bebês que nascem. Ela rompe a bolsa e corta o “cordão umbilical”, simulando o parto.
O psiquiatra Marcelo Honda Yamamoto explica que muitas mulheres aderem à tendência como forma de realizar um sonho ou lidar com o ninho vazio após os filhos crescerem. O ultrarrealismo dos bonecos facilita a conexão afetiva, o que pode ser benéfico. Mas, quando há confusão entre realidade e fantasia, é preciso atenção.
“O importante é observar o impacto que esse hábito gera na vida da pessoa. Se está servindo apenas como uma forma de conforto sem prejuízo a outras áreas, tudo bem. Mas, se for uma fuga de um vazio emocional ou frustração que precisa ser enfrentada, é algo que exige cuidado”, afirma Yamamoto.
Ele também destaca que a prática é uma escolha individual, e que cada pessoa deve avaliar se essa experiência está trazendo bem-estar ou prejudicando seus relacionamentos, rotina e produtividade.